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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

TRANSTORNO BIPOLAR

TRANSTORNO BIPOLAR
Há dias em que a euforia bate no céu. Em outros a depressão leva ao fundo do poço. A novidade sobre essa gangorra de emoções é que os cientistas confirmam a suspeita de que uma molécula presente no cérebro e no sangue pode apontar a predisposição para a doença (sim, é doença!) com boa margem de segurança !

É COMO LEVAR UMA VIDA DUPLA
É como levar uma vida dupla. Uma hora a euforia toma conta e leva o organismo ao seu limite de excitação, até mesmo sexual. É energia que não acaba mais, a ponto de o sono tornar-se quase desnecessário. Perde-se a capacidade de julgamento e a autocrítica e há quem se torne irritadiço. Para descrever esse estado de ânimo os médicos utilizam o termo mania. Ela é um dos extremos de uma doença caracterizada por uma profunda instabilidade de humor, o qual oscila entre esse estado eufórico intenso e o seu oposto, a depressão.

Para os portadores do transtorno bipolar doença que há poucos anos era conhecida como psicose maníaco-depressiva , encontrar o equilíbrio entre as duas pontas das emoções radicais é como tentar andar sobre um terreno movediço. "É o pessoal do oito ou 80", resume o psiquiatra Diogo Lara, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e autor de Temperamento Forte e Bipolaridade. "Diferentemente de quem tem um humor saudável, os que sofrem desse transtorno não costumam ser previsíveis ou flexíveis nem respondem com proporcionalidade aos estímulos." Acredita- se que 1% da população mundial conviva com o tipo 1 da doença, considerado o mais grave.

Pode até parecer pouco, mas na verdade o transtorno bipolar é um tormento para muito mais gente. Estima-se que cerca de 5% das pessoas tenham instabilidades de humor em algum grau. Feitos os cálculos, os brasileiros alterados somam aproximadamente 9 milhões. Muitos deles nem sabem do próprio distúrbio. Outros, ainda pior, são tratados da maneira errada. "Nesse caso o diagnóstico costuma ser esquizofrenia ou simplesmente depressão", conta o psiquiatra Jair Soares, chefe da Divisão de Transtornos do Humor e Ansiedade da Universidade do Texas em San Antonio, nos Estados Unidos.

Sabe-se que essa é uma doença em grande parte determinada pelo histórico familiar. Uma criança que tem um dos pais com transtorno bipolar apresenta uma probabilidade de 15% a 20% de manifestar o mesmo problema. Um estudo, realizado com gêmeos idênticos, mostrou ainda que, se um deles tem a doença, o risco de o outro também vir a ser uma vítima é de 80%.

A mais recente descoberta sobre a origem do mal vem de um grupo de pesquisa do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Os cientistas andavam em busca de uma pista sobre a relação entre o transtorno bipolar e a molécula BDNF (sigla em inglês para fator neurotrófico derivado do cérebro), cuja atuação na memória já era bem conhecida. As evidências dessa ligação ficaram muito claras em seu estudo.

IMAGEMTXTO trabalho mostrou que os bipolares têm menos BDNF no sangue do que as pessoas normais. "E notamos que, quanto menores os teores no sangue, maior a gravidade da doença", revela um dos autores do trabalho, o psiquiatra Flávio Kapczinski, responsável pelo Laboratório de Psiquiatria Experimental do hospital gaúcho. Como os níveis dessa molécula são ditados pela genética, a esperança é de que ela possa vir a ser um marcador da doença. O teste ainda é experimental, mas deverá se tornar rotina médica nos próximos anos.

Igual a todo distúrbio da mente humana, porém, a bipolaridade também é determinada pela maneira como lidamos com as adversidades. "Muitas vezes pode-se até herdar o gene que leva a uma predisposição, mas, sem um evento estressante, o transtorno não se desenvolve", afirma o psiquiatra Beny Lafer, professor da Universidade de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa em transtorno bipolar do Hospital das Clínicas da capital paulista. "Em caso de estresse emocional ou abuso de drogas, os riscos ficam de quatro a cinco vezes maiores."


RELATO VIVO
IMAGEMTXTKAY REDFIELD JAMISON é psiquiatra, cientista, professora de uma das mais prestigiadas instituições acadêmicas dos Estados Unidos, a Universidade Johns Hopkins. E sofre de transtorno bipolar. Num inusitado caso de atividade de pesquisa que se mistura com experiência pessoal, ela se tornou uma das maiores especialistas do mundo naquilo que ainda prefere chamar de doença maníaco-depressiva. O relato de sua convivência com o transtorno, muitas vezes apavorante, embora carregado de esperança, está no livro Uma Mente Inquieta, editado no Brasil pela Martins Fontes.
É a história de quem atravessou o deserto do descontrole. "A doença maníaco depressiva deforma seus pensamentos, estimula comportamentos aterradores, destrói a base da razão e, com enorme freqüência, solapa o desejo e a vontade de viver", escreveu Kay Jamison. "É uma doença sem par pelo fato de proporcionar vantagens e prazer que, como conseqüência, levam a um sofrimento quase insuportável."
MANIA DE ARTISTA
A bipolaridade de alguns criadores famosos
• ERNEST HEMINGWAY (1899-1961)
O escritor americano, autor de clássicos como O Velho e o Mar, levou uma vida conturbada. Nos seus últimos anos, descobriu que tinha doença maníaco depressiva e insônia. Aos poucos, com o fracasso dos tratamentos, sua condição mental se deteriorou até que ele cometeu suicídio.
• LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)
A vida pessoal do compositor alemão foi marcada pela luta contra a surdez, deficiência que não o impediu de continuar compondo peças que se tornaram fundamentais para a música ocidental. De acordo com seus biógrafos, também era depressivo e tinha períodos maníacos, o que, na definição atual, o colocaria entre os bipolares.
• VINCENT VAN GOGH (1853-1890)
O pintor holandês, que ficou famoso não só pelas telas, mas por ter cortado um pedaço da própria orelha, é considerado o mais célebre bipolar do mundo artístico. Segundo os críticos, a instabilidade do seu humor pode ser notada também nos quadros.
Você pode ser bipolar?
Responda às perguntas abaixo e descubra se você tem algum grau de bipolaridade

1. Você se considera com muitos altos e baixos de humor?
2. Precisa estar sempre fazendo algo ou buscando coisas novas?
3. Já teve vários momentos de apatia ou tristeza sem motivo aparente?
EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS VOCÊ...
1. ...já ficou muito alegre e radiante ou irritável sem motivo aparente?
2. ...já teve fases com muitos planos, falando mais rápido, alto e bastante?
3. ...já se arriscou demais em alguns momentos?
4. ...já teve fases ou dias de se vestir de um jeito bem mais chamativo?
5. ...gasta mais dinheiro com prazeres, futilidades ou aparência?
6. ...apresenta mais dificuldade para manter as coisas em ordem e tende à dispersão?
7. ...já teve impulsos exagerados em relação a comida, drogas, sexo ou compras?
8. ...já teve momentos de maior confiança em que se sentiu muito especial?
9. ...muda de planos e objetivos com extrema facilidade?
10. ...demonstra instabilidade profissional ou nos relacionamentos afetivos?
11. ...tende a se magoar ou a se irritar quando alguém o critica ou desagrada?
RESULTADO:
Se você marcou de uma a três respostas "sim", é pouco provável que tenha algum grau de bipolaridade. De quatro a sete respostas "sim", é provável que você tenha algum grau de bipolaridade. Oito ou mais respostas "sim" indicam que é muito provável que você tenha algum grau de bipolaridade. Reflita e, se for o caso, procure ajuda.
ABRIL 2006


http://saude.abril.com.br/edicoes/0272/medicina/conteudo_128498.shtml?pagin=3

Um comentário:

  1. Oi realmente isso acontece comigo, as pessoas não entendem, tenho dois irmãos com o mesmo problema, inclusive um se aposentou por isso.

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